quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Assim ele pulsou, assim parou

Acordou em mais um domingo, um daqueles repetidos.

Onde as folhas não dançam e os poemas não fazem sentido.

Cada passo, conta passo, senta e passa o cigarro para o cinzeiro.

Sua única companhia enche-os pulmões de toxinas.

Passaporte para o inferno adianta a partida.

Nascer, crescer, trabalhar e morrer não tem nada haver com vida.

Tem haver com sobreviver e essa palavra não anima.

Tosse, cigarro, trago, pigarro, retrato, sinto sua falta.

Sua ausência sempre presente, meu coração pedinte, sempre pede o que não existe.

E acaba por aceitar esmolas na sarjeta indecente, dos sorrisos sem vida de toda essa gente.

Pulsa, sangra, ama, arde, o coração nunca para, o coração sempre late, ao vizinho, ao amigo, a puta que passa, ao passarinho que voa, ao céu quando se apaga. A menor demonstração de carinho o coração pede abrigo. Mas quando ele cansa, ele para e morre sozinho.

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